Hip Hop de Bolívia

Abaixo compartilho com vocês entrevista que li no Jornal Resumen LatinoAmericano, sobre o grupo músical Ukamau Y Ke, que mescla no Hip Hop vários estilos e culturas folclóricas da Bolívia. Para escutar suas músicas visite - http://es.hipzoma.com/fichas.jsp?id=17
Os Ukamau Y Ke sáo de El Alto, cidade a 4 mil metros de altura, maior conglomoredo urbano da Bolívia com quase 900 mil habitantes, sede da guerra do gás, dentre outros momento decisivos protagonizados alí. Trazem muito em suas cançóes da história recente de lutas do povo da Bolívia. Abrazos revolucionários, Diogo.

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"USAR O QUE O IMPÉRIO NOS DÁ, COMO UM INSTRUMENTO DE LUTA"

“Nós queremos fazer nossa gente se sentir orgulhosa, o quechua, o guarayo, o guarani, o aymara, o colla, porque sempre estiveram apagados. Recuperar essa cultura através da música é nosso objetivo.” Abraham Bohorquez de 25 anos, morador de El Alto e membro da banda falecido em maio deste ano, nos conta ( em julho de 2007 para o Jornal Prensa de Frente ) de que maneira o racismo imperante na Bolivia foi impacatado pelo atual processo de mudança, as lutas, a chegada ao poder de um indígena.

Para começar, nos conte como nasceu o Klan Waynarap.

Somos um forte grupo de jovens envolvidos com a mùsica de arte urbana das ruas, montando poesias com um conteúdo mais social, náo apenas de protesto como também com propostas, que tem amadurecido a partir de 2003 aqui em El Alto. Muita gente tem tomado consciència depois da grande matança de outubro, e com a saída de Gonzalo Sanches de Lozada. Temos conseguido montar um Klàn, com jovens de La Paz, Oruro, Potosí, Cochabamba que hoje se forma o Waynarap. Dessa uniào surgem diferentes bandas. Eu integro Ukamanu y Ke, uma expressáo aymara que significa "Es así y qué”.

Qual é o objetivo das bandas?

A música nos tem ensinado a valorizar a mensagem, por que as pessoas te escutam. Tudo isso tem sido como uma escola. Temos passado pobreza, falta de dinheiro. E a música foi o ponto de ligaçáo. Usar o de fora, o que o império nos impóe como um instrumento de luta, dando a volta, jogando com seus mesmo jogos. Ao mesmo tempo chegar a muitos jovens para conscientizar já que muitos dizem que o Hip-Hop está na moda, agarrar essa moda, porém pelo outro lado. Existem os MCs, Breakers, participando do processo de mudança que está vivendo o país.

Vocês tem conseguido gravar as músicas?

É complicado gravar porque é muito caro, porém por sorte alguns amigos conseguiram comprar um computador, e daí conseguimos fazer algo que da-se para escutar. Ajudamos-nos, um começa a criar com um rítmo que se passa a outro, e assim vamos juntando tudo. Sobretudo nas ruas. E assim fomos crescendo.

Em que os jovens sáo mais afetados pela cultura dominante?

Os jovens muitas vezes náo se dáo conta. Vivemos enganados com isso de “os jovens sáo o futuro da Bolívia”, imagine!!!, agora sou jovem, no futuro já serei velho. Agora é quando tenho que participar!. Enquanto haja injustiça, enquanto exista pobreza vamos seguir esculpindo verdades com poesias. Ainda que nos doa. É a realidade, náo podemos cantar sobre sexo e álcool todo dia, existe muito mais que isso. Eu tenho um dito que é diz: hoje em dia apareceram muitos muitos novos talentos, mas que só cantam sobre alcool e sexo, porém lamentavelmente, se esqueceram dos nossos mortos. Daquela gente que luta por igualdade, dessa gente que luta porque esta sobrevivendo na pobreza, náo apenas na Bolívia mas como no mundo inteiro, e nunca sáo mostrados, sempre nos mostram a cara bonita.

O que foi mudado nessa realidade nos últimos anos?

Muito, te conto. No mesmo colégio, si você estudasse em La Paz, quando dizia que vivia em El Alto, te diziam Uhhhh!, aí só existem marginais, só camponês e indio!. Te perguntavam “E sua máe de onde é? E quando respondia “Minha máe é de pollera” “Uhhh!” “Sua máe é campesina”. E muitos jovens ocultavam isso e diziam que viviam na Buenos Aires ou na La Garita ( ruas de La Paz ), para evitar esse racismo. Hoje em dia estamos rompendo com isso. Minha máe é aymara e agora me fala em seu idioma, e estou muito orgulhoso disso. E as vezes eu náo a posso responder, porque náo me ensinaram na escola a falar aymara, ensinaram-me somente espanhol, e minha familia acreditava que o bom era falar espanhol, para que eu náo me sentisse humilhado por essas coisas. Porém hoje em dia, olhando por outro lado nos damos conta que as coisas náo sáo assim. Que é melhor manter essas etnias vivas, que somos o produto disso e que têm nascido algo para sentirmos-nos orgulhosos, do processo de mudança e até mesmo com o próprio presidente. Muita gente têm esperanças porque dizem que chegou ao poder um dos nossos, alguém de baixo.
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Traduçáo: Diogo Raimundo Ramalho – Estudante de Letras Espanhol da Universidade de Brasília – UnB Fonte: Jornal Resumen Latinoamericano - www.resumenlatinoamericano.org ediçáo Agosto a Setembro de 2009. Entrevista feita em 2007 pelo jornal Prensa de Frente.

3 comentários:

Talita Wuerges disse...

Adorei as músicas do grupo. Uma mistura muito boa de sons e a letra profunda, como se diz. rsrsrs Valeu pela dica.

Beijos Dioguinho.

Mila disse...

O som das zamponhas toca fundo o coração, letras marcantes para reflexão!

Diogo Ramalho disse...

oi meninas,
caramba, muito baum mesmo né?
os sons marcantes da bolívia mesclados com muitos sons, fora as letras que retratam muito das lutas desse povo do alti-plano que se levantou pela revoluçáo da maioria, indigenas originários a séculos explorados e submetidos.
a coisa em bolívia é profunda!
beijos mila e talitaa!

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