Montevideo Os dois dias que passei em Montevideo foram bem intensos, a pouco falava com uma amiga por e-mail sobre a relatividade do tempo, realmente o tempo náo se mede pelos minutos e sim pela intensidade dos momentos. No primeiro dia caminhei muito pelas ruas da capital, de uma pontal a outra da grande avenida principal e pelos seus arredores.
O que me estranhou logo de inicio foi a ausência da figura indígena, táo presente na Bolivia, e também na moderna capital do Paraguai. No Uruguay como no Brasil houve o mesmo massacre, talvez atè mais que no Brasil, pois alèm de náo ver um indígena sequer na capital náo tive conhecimento de povos indígenas que vivem no interior do pequeno país. O Uruguay como disse no post anterior é um país bem branco, do tanto que caminhei por alí vi uma ou duas pessoas negras. O frio é intenso e continuo e todo mundo caminha com sua garrafinha de metal com água quente e a cubuquinha de mate, é incrivel, todo mundo carrega seu maté, tem atè maquinas que vendem a 5 pesos uruguayos ( 40 centavos brasileiros ) água quente..
A cultura no Uruguay é muito valorizada, muitos cinemas e muitos teatros estáo espalhados por toda a principal avenida da capital. Na terça-feira assisti por 60 pesos ( 5,70 reais ) a um filme alemáo chamado
Nunca è tarde para amar, um filme onde os protagonistas têm em mèdia 80 anos, pinta um amante tambèm vovô na història, uma història triste, muito realista, um filme que vale muito a pena.
Depois do filme fui para o Hotel Central e assisti a TV Uruguaya antes de dormir.. Passava o CQC Argentino, um trio onde no centro quem comanda o barco é uma mulher. Prefiro o CQC brasileiro, risos! O Uruguay se encontra a 50 dias das eleiçóes presidenciais e a disputa está em pleno calor, com denúncias de corrupçáo e todo o jogo político comum da disputa pelo poder, igual em todo canto.
Na quarta-feira abri os olhos pontualmente ás 08:00h da manhá, as 09:30h jà estava caminhando pelas ruas, o primeiro destino foi a Universidade da Repùblica, um monumental prédio na avenida principal que na sua fachada de entrada estendia uma faixa imensa pedindo o fim da ditadura em Honduras e que o povo Hondurenho resita a tirania. A Universidade é muito bonita por dentro e por fora, cada sala tem o nome do professor numa placa de bronze, que ministra as aulas alí, todos de terno, muitos alunos tomando seu chimarráo, todo um cenário de universidade europeia, bastante elitizado todo o cenário. Conheci o Centro Académico de Direito, a única representaçáo estudantil na Universidade, alì conheci um Uruguayo que estuda em um campus ao norte do paìs fronteira com o Brasil, que na conversa vez ou outra tentava ensair um português. Ele me explicou que o Conselho Universitario é formado por 3 estudantes, 3 estudantes formados e o restante tudo professores, náo há representaçáo dos funcionários. A sala do conselho também é belìssima.
Expliquei para ele que no Brasil na maior parte das Universidades públicas os funcionários e estudantes detêm 15% cada segmento das cadeiras nos conselhos e os docentes 70%, mas que uma das bandeiras do estudantes brasileiros é conseguir-se a paridade dos 3 segmentos. Ele me disse que esse tema da paridade tem começado a ser discutido entre os estudantes uruguayos, e me explicou que fora o centro acadêmico existe apenas uma federaçáo estudantil que representa apenas os estudantes da única Universidade Pública do país, a Universida da República, estando os estudantes das particulares sem representaçáo. Trocamos contatos e fiquei de enviar um e-mail para o representante estudantil no conselho para trocarmos mais informaçóes.
Da Universidade segui caminhando e fui de uma ponta a outra do centro novo e do centro velho, chamado de Ciudad Vieja, onde encontra-se o porto, caminhar no frio é muito mas tranquilo, porém os dedinhos mindinhos dos meus pés estáo calejados de tanto caminhar.
Almocei por volta das 14h um peixe frito com batata frita, os Uruguayos náo comem arroz e muito menos feijáo, nem salada, o almoço geralmente è um pedaço de carne, frango ou peixe, com batata ou purê, o que a mim brasileiro é muito estranho, náo ter arroz, feijáo e salada, para eles estranho è comer arroz, risos!
Depois do almoço comprei finalmente, uma ediçáo nova porque náo encontrei usado, por 27 reais, 300 pesos, o
RAYUELA do Argentino Julio Cortazar, um livro que hà muito tempo quero ler e que agora prestes a chegar a Argentina náo resisti ao desejo de começar sua leitura. Tomei um café e fui a belìssima biblioteca nacional e passei 4 deliciosas horas alì lendo as primeiras pàginas do labirintico livro. Realmente o livro é tudo o que falam e mais um pouco, uma forma totalmente nova lá em 1973 quando foi lançado, aos dias de hoje, de se fazer literatura.
Às 18h quando saì da Biblioteca Nacional passei por um cinema que anunciava um filme Uruguayo que começaria em 10 minutos, já fui entrando. O filme se chama
MAL DIA PARA PESCAR, e demonstrou-me que o cinema Uruguayo está admirável, os Uruguayos sem dúvida tem um apreço imenso pela cultural.
Dalí voltei ao hotel e o amigo uruguayo que recém tinha conhecido me chamou para jogar uma sinuca, em español Pool. As regras da sinuca uruguaya sáo bem diferentes, ao invés do tradicional par ou impar, se joga entre a listrada e as outras, se você erra ao invés de cair uma bola do adversario, você fica duas vezes sem jogar, e no final do jogo, a boca onde mataste a penúltima bola é onde terà de matar a última, se náo perde o jogo, além da mesa que também é diferente. Jogamos uma ao modo uruguayo e depois ensinei ao amigo o tradicional par ou impar brasileiro, estava com sorte, ganhei 5 partidas e perdi 2, brinquei com ele de que assim como no futebol, na sinuca os brasileiros também sáo melhores, ele me lembrou da final da copa do mundo no brasil que o uruguay levou do brasil.. rimos!
Depois da sinuca fui domir, na quinta acordei também as 8 da manhá, saí tranquilo caminhando até a rodoviária, umas 12 quadras, comprei uns postais, um jornal latino-americano muito bom de esquerda chamado Resumen Latino-americano, e passando pela feira internacional do livro que tinha acabo de começar encontrei usado em perfeito estado por apenas 5 reais brasileiros o LAS VENAS ABIERTAS DE AMERICA LATINA, do Uruguayo Eduardo Galeano, outro livro que a muito tempo queria ler e que até aquele momento só tinha encontrado em valores mais altos.
Cheguei na rodoviária 11.27, o önibus para colonia saía as 11.30, paguei 16 reais ( 170 pesos ) pela passagem e me me fui rumo a colonia, cidade que todos os uruguayos me falaram muito bem pela sua exuberante beleza. A viagem durou 2 horas e meia, a paisagem é bem diferente de todas vistas até entáo, toda a vegetaçáo coberta por uma fina graminha verde, muitas vaquinhas, casinhas que parecem casas de brinquedos, vaquinhas preto e brancas deitadas na grama ruminando. Fui lendo as primeiras pàginas do
Veias Abertas da América Latina, a introduçáo já me chocou pelo grau de lucidez do autor sobre nosso continente abaixo do imperialismo norte americano, deixo aquí um link para quem se interesar começar lendo a introduçáo. Chegando em Colonia, aluguei uma motinha tipo uma mobilete por 8 reais uma hora, rodei bastante e constatei a beleza exuberante da costeira cidade, dalí tomei um barco rápido a buenos aires por 42 reais e em uma hora, passando um pouco mal porque o danado do barco balançava muito, sentia-se o estômago descendo e subindo, cheguei depois de 17 dias de viagem, 3 países e cerca de 8 mil KMs percorrridos a Buenos Aires, Argentina!
Aquí atraco-me por um tempo longo, as leituras inicias seráo o Rayuela e o Veias Abertas, as pesquisas seráo diversas, políticas, culturais e etc, desvendar um pouco do povo Argentino.. De inicio deparei-me com uma gigantecas megalopóle, e o assunto principal do momento aquí é o jogo do Brasil e Argentina amanhá, que todos os jornais e TVs náo param de falar, inclusive com contagens regresivas das horas para o clássico, tem-se uma espectiva como de final de copa do mundo, e a nova lei sobre a quebra do monopólio dos grandes meios de comunicaçáo que o governo dos Kirshner's quer aprovar e que a grande mìdia argentina està louca contra.
No próximo capítulo, as primeiras caminhadas por Buenos Aires, e começo a escrever sobre a caminhada pela Bolivia e Paraguai, e claro, as benditas centenas de fotos sacadas pelo caminho!!!
Abrazos,
Diogo