Depois do longo processo ¨psico-propina¨ ( ler post Brasil-Bolívia - Propina para passar ) passado na fronteira, eu e os capixabas Di e Modis caminhamos até a esquina da longa rua que dá para a estaçáo ferroviária de Puerto Quijano e tomamos um taxi que de início nos cobrou 10 reais e ao final depois da negociaçáo nos levou por 1 real cada, uma moedinha de cada um. Um real na Bolivia equivale a 3,50 Bolìvianos, 1 dólar equivale a 7,00 B$. Alías, é quase que uma dinämica geral aqui pelos países da américa do sul, o dólar compra geralmente três vezes mais coisas no países, e o real compra o dobro, nossa moeda Real tá no meio, e no topo o Euro.
Na estaçáo náo havia mais passagem para o tradicional trem da morte, só havia para o trem intermediário, mais para turistas, o trem da morte é assim apelidado porque é um trem muito antigo, possui passagens extremamente baratas, cadeiras retas, seres viventes diversos de todas as espécies abarrotado de gente e a idade dos vagóes junto com as péssimas condiçóes da linha ferrea, corroboraram para esse histórico apelido de trem da morte. Mas mesmo o trem da morte tem melhorado, e o pròprio vendedor do guichë coloca os turistas nesse segundo trem, o que fomos, que é um pouco menos velho.
Eu andei no trem da morte em 02 de Janeiro de 2008, primeira viagem que fazia para fora do país e pela Bolívia, cheguei na fronteira três dias antes e perdi o último trem junto com um casal de amigos de Brasília que pegaram o último trem do ano e eu fiquei esperando a amiga Thaísa do Mato Grosso que de última hora disse que também iria viajar pela Bolívia e que pediu que a esperasse na fronteira, daí eu e Thaisa conhecemos na última noite do ano em Puerto Quijaro o trio de estudantes pollos do Rio de Janeiro, Lucas, Luisa e André, que também estavam entrando na Bolívia e que iriam até Machu Pichu no Peru, e para nós 5 náo passarmos o reveion em Puerto Quijaro fomos de önibus até Roboré, cidade que batemos o olho no mapa e falamos, é aí que vamos passar a virada. Chegamos ao povoado de Roboré faltando 4 horas para a virada do ano, reveion marcante, com outros 3 hipies que conhecemos, um da africa do sul, o outro brasileiro e um argentino, que pedalavam pelo continente.. No outro dia acordamos e conhecemos uma natureza maravilhosa e muito conservada, dentro da àrea do exército da Bolìvia e dos pernilongos que moravam num trajeto no meio da caminhada e que avançavam em conjunto sobre os que alí passavam. Daì de Roboré para Santa Cruz fomos de trem da morte.
Assim como o trem da morte, o trem dessa viagem nos levava como um önibus, as vezes passando por buracos e lombadas, e outras vezes como um cavalo pisando macio num ritmo quase musical da subida e descida na velha e má conservada estrada de ferro, toda torta. Ambas passagens saem bem baratas, no trem da morte de Puerto Quijaro até Santa Cruz de la Sierra a passagem saí entre 40 a 80 pesos bolivianos ( entre 10 a 25 reais ) e no trem mais ou menos pagamos dessa vez 130 Bolivianos ( 35 reais ) para viajar 16 horas, 640 Kms.
foto do trem intermediário:
Foto do interior do trem da morte:
O trem Oriental, como é chamado, foi privatizado em 1995 junto a grande onda de privatizaçóes que varreu náo só a Bolívia mas como todos os países da América Latina, como as ditaduras que também foram gerais, promovidas pelos EUA. A privatizaçáo fez com que os serviços já ruins pela pobreza da Bolívia piorassem ainda mais. Porém atualmente com o governo Evo o trem tem melhorado nos últimos 4 anos. Mas nada tira o brilho da viagem que é extremamente agradável, uma janelona e no cenário além de pastos muitas áreas náo devastadas, borboletas de todas as cores, o trem para o tempo todo, entram várias cholas ( as índias bolivianas ) passam nos vagóes vendendo desde frango com batata e arroz a pasteis e gelatinas. As vozes marcam para sempre o viajante ¨Thintia Fria, limonada fria, Uñapé ( páo de queijo ), dentre outros sonoros sons que avisam de várias comidas passando. A noite os vagóes dormem, puxados noite adentro com os sons e os balanços da ferrovia, as gentes todas sonhando.
Logo pela manhá começa a chegar aos arredores da Capital do Departamento de Santa Cruz, Santa Cruz de La Sierra. Ás 09 da manhá eis que surge a táo esperada Santa Cruz, berço da direita bolíviana, maior estado em território, centro financeiro da Bolívia, como uma Sáo Paulo se comporararmos proporcionalmente.
Apesar das suas caratéricas político-ecnomömicas peculiares concentrando a grande elite latifundiária do país e uma grande classe média, seu povo é trabalhador e te recebe muito bem, a cidade é circundada por anéis, o primeiro anel circunda o centro que tem como centro a praça central onde encontra-se a igreja, a prefeitura, bancos e o comitê civico, além de comércios, esse modelo de praça com igreja, política e banco alís está presente na maioria das cidades e povados bolivianos e em todas as 9 capitais do País. Santa cruz náo conta com grandes atraçóes turísticas naturais, tem como atraçáo principal os monumentos que cercam o centro. Os anéis que circundam Santa Cruz sáo 5, e a medida que se afasta do centro a surge a enorme Santa Cruz com suas enormes periferias. Conheci algumas dessas periferias, é uma Santa Cruz completamente aparte do bonito maquiado Centro da Cidade.
É uma cidade gostosa de ficar, o povo pratica muitos esportes, trabalha muito e tem opçóes de comidas diversas além da tradiconal sopa de entrada, frango, arroz e batata da Bolìvia, existe até um Restaurante Brasileiro no Centro de Santa Cruz, chamado Rincon Brasileiro. É a oportunidade de se despedir da comida brasileira comendo um feijáo, arroz, carne, salada, é a despedida gastronomica, daí para frente esqueça feijáo e etc. O restaurante é um self-service, outra coisa que você náo vai encontrar Bolívia a frente, o preço do kilo é um pouco salgado, 55 Bolívianos, o equivalente a 17 reais, mas vale a pena a despedida no restaurante brasileiro, você se sente como no Brasil, e alìas, o restaurante é muito frequentado pelos brasileiros que vivem em Santa Cruz. Muitos jovens brasileiros e brasileiras vivem hoje em Santa Cruz para fazerem Medicina, um curso de Medicina em Santa Cruz saí por 190 Doláres mensal, menos de 400 reais, o grande problema é que náo poderáo exercer a profissáo no Brasil, pois náo ha reconhecimento do diploma.
Deixo indicado o Alojamiento San Miguel, 3 cuadras a esquerda do terminal e mais 4 a direita e 1 a esquerda, das 5 vezes que passei por Santa Cruz alí me hospedei 4 vezes, é de um senhor e uma senhora que possuem vários gatos e sáo bem sérios e mais ou menos gentis, mas te recebem muito bem, e o melhor é diária, um quarto com 3 camas saí por 15 bolivianos (4 reais), o banho é frio mas Santa Cruz faz calor a maior parte do ano, tanto o clima quanto a vegetaçáo sáo bem Brasil ainda. O banho frio nem é táo frio e faz um bem danado, o alojamiento é a casa do casal, tem bastantes flores é bem limpinho e muito bem cuidado.
Voltando a viagem de trem até Santa Cruz, eu e os dois capixabas pegamos o Trem em Puerto Quijarro ás 16.30h, a viagem foi muito tranquila, conhecemos outros brasileiros que estudam em Santa Cruz, o Di foi sentado com um bolìviano chamado Marcos muito gente fina e que trocaram muitas idéias, o Modis foi sentado com uma Boliviana e ficou brincando com ela pedindo o endereço em Santa Cruz para irmos dormir na casa dela, e ao meu lado foi uma senhora Bolíviana que parecia triste e angustiada com algo, trocamos palavras básicas, ´permiso, perdón, gracias´. Eu dormi na primeira hoja da viagem, vinha a duas noites durmidas em önibus de Brasília até alí, as 02 da manhá acordei, o trem inteiro dormia, passei umas 2 horas acordado, no meio do trem vendo as estrela com seus brilhos fortes no céu e depois sentado ouvindo os sons dos sonhos das pessoas.
Logo que acordei umas 6 da manhá já passava um senhor vendendo cafezinho, 3 bolivianos o copo cheio de café, esse cafézinho é tradiçáo tomá-lo, recomendo. Em duas horas chegamos a Santa Cruz, despedimos dos amigos todos que fizemos, tiramos foto, e levei os rapazes para o Alojaminto San Miguel.
Lá chegando pagamos cada um os 15 Bolívianos da diária, tomamos banho e da chegada no alojamento ao processo do banho mudamos todos os rumos. Pensavamos em ficar todos naquela sexta-feira em Santa Cruz e tomarmos nossos rumos no sábado, eu inicialmente pensava em ir logo para uma cidade perto da fronteira com o Paraguai e conhecer mais desse outro cantinho do Sul da Bolívia que náo conhecia, e os dois pensavam em ir no Sábado para Sucre. Eu num processo de uma hora de reflexáo pensei, porque náo ir para Trinidad, capital que ainda náo conheço do Departamento de Benni, que sempre que quis ir a estrada estava com algum bloqueio..... é isso, me decidi, me vou a Trinidad hoje sexta, já conheço Santa Cruz bem, me vou.. E os dois tomaram também a decisáo de irem naquele mesmo dia porque caucularam bem e viram que o pequeno tempo que o Modis tinha de 15 dias para percorrer a Bolívia, o Sallar de Yuuni, e o Peru estava estrangulado já.. E daí decidimos todos tomarmos nossos rumos naquele mesmo dia, voltamos ao terminal, eles compraram a passagem para 17:00h rumo a Sucre, capital constitucional da Bolívia, a minha passagem quando fui comprar me disseram que tinha bloqueio na estrada por protestos e que nenhuma empresa estava vendendo para Trinidad naquele dia, procurei melhor e encontrei uma empresa que me garantiu que mesmo com o bloqueio iria fazer o viagem, parando antes do bloqueio, os passageiros descendo e caminhando até outro önibus depois do bloqueio dos manifestantes, isso de madrugada. Eu topei, a passagem de 60 Bolívianos consegui por 40$B ( cerca de 14 reais ) 600 Km pela frente, passagem comprada para as 20:30h com previsáo de chegada as 06:00h da manhá.
Daí a chegada a Trinidad com o sol nascendo e as motos saíndo pra andar, eu contei no post Trinidad, a cidade das motos que náo sabiam parar, que inclusive agora farei uma revisáo, pois o escrevi no meio da viagem numa correria danada.
Próximo capítulo, a volta de Trinidad para Santa Cruz e a ida para a fronteira Bolívia-Paraguai, cortando o Paraguai duma ponta a outra, chegando a capital Assunçáo!
Senta que evêm história!
Abrazos,
Diogo
2 comentários:
vc deveria ganhar desconto da proxima vez q for diogo, fica fazendo as recomendações!
Ei Di!
As narrativas me conduziram para dentro do trem, e lá estava eu já ouvindo as vozes das cholas e dos passageiros, os sons da máquina, com suas oscilações, e ainda contemplando as belas paisagens descritas com todas as singularidades...as imagens são muito marcantes!
Besos!
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